sábado, 2 de julho de 2011

O dia em que fugi da escola






Era uma bela manhã de sol, a escola fervilhava de crianças todas barulhentas e buliçosas, as meninas brincavam de roda:  
Ciranda, cirandinha, Vamos todos cirandar,
Vamos dar a meia volta,
Volta e meia vamos dar” (2x). por aí vai à roda das meninas, nós meninos muitas vezes queríamos até brincar de roda, mas não podia era brincadeira pras meninas, uma vez ou outra éramos admitidos. A brincadeira dos meninos era o jogo de bolinhas de gude ou burica como também é conhecido. A professora chama pra aula, terminou o tão gostoso recreio, vamos às coisas mais importantes, às tabuadas, aos números, as questões do ditado, de gramática. Aquele dia era especial, pois a escola estava sendo mudada para um prédio novo que ficava ao fim de uma várzea, próximo a estrada, onde passavam o caminhão de leite da Cooperativa. A maioria dos habitantes do povoado era constituída de pequenos proprietários que vendiam o leite que suas vacas produziam a uma Cooperativa que se localizava numa cidade próxima, também pequena, mas que era o centro do comércio local. Pois é, voltando a nossa Escola Mista do Bairro dos Damiões da Santa Cruz do Rio Acima, nome bonito e pomposo para o nosso bairro, constituído de pequenos morros e vastas pastagens, clima ameno, com chuvas bastante regulares. Pois é entramos na classe, e a lição daquele dia era difícil, pois tinha-se que saber a tabuada de cor, naquela época a decoreba era muito grande e a tabuada então era imprescindível como base para as operações fundamentais da matemática, que na nossa série primária costuma-se chamar de Aritmética. Começou a tabuada, mas uma boa quantidade de alunos não conseguiu decorar, entre eles me encontro. Também tinha dificuldade como ainda tenho na referida matéria. Conseqüência de nossa ignorância aritmética, ficar de castigo o dia inteiro e o pior os alunos não poderiam participar da referida mudança da escola, devido ao castigo recebido. Tinha que ficar todos bonitinhos em suas respectivas carteiras. No início até que estava tudo calmo, cumprimos estoicamente o castigo recebido. Mas depois com o prolongamento das horas, começamos a ficar preocupados, pois o sol já se aproxima do seu ocaso, as sombras se alongavam, anunciando que próximo estaria o anoitecer. Alguns alunos começaram a chorar e alguns até passar mal e ter ânsia de vômitos. Foi quando resolvi dizer à professora que queria ir embora, pois então vá disse ela: Pule a janela. A escola era localizada em uma fazenda antiga com janelas bem amplas, do lado de fora tinha um jardim de roseiras. Dito e feito passei por cima da carteira, ela quando viu que eu ia pular, então disse: Vai ficar enroscado na roseira. Fui corajoso e de um salto estava do outro lado. Uma vez livre do castigo, tinha que apelar pras minhas condições de moleque magro e esguio e como se costuma dizer: passei sebo nas canelas, mas fui perseguido por alunos que não estavam de castigo enviados pela mestra.  Mas foram recebidos a pedradas. Noutro dia estava expulso da Escola. Mas isto já é outra história. Conto em outro capítulo. 

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